Tempo de reconciliação
PUBLICADO EM: 29/03/2022 - AUTOR: João Otávio
“Rasgai os vossos corações, e não as vossas vestes;
e voltai ao Senhor, vosso Deus; ele é bom e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”. (Cf. Jl 2,13)
A liturgia da Quarta-feira de Cinzas abre o Tempo da Quaresma, que compreende um período de quarenta dias, este ano celebrada no dia 02 de março, até a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa. Ressalta-se que, os paramentos usados na liturgia são de cor roxa, que simboliza a dor e a tristeza, ou seja, nos ajudam a entrar nesse período de recolhimento. Também podemos observar que não entoamos o hino do Glória, omitimos o Aleluia nas celebrações e os ornamentos nas igrejas neste tempo ficam mais discretos, para que estejamos focados na Páscoa do Senhor, que é o centro de nossa fé.
Destaca-se ainda que, a cinza, que é o sacramental dispensado sobre a cabeça dos fiéis na abertura do tempo quaresmal, tem um significado muito especial, sinal de humildade e recordação da origem e do fim do cristão. Essas cinzas são uma mistura da queima dos galhos, abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior, com água benta, ao colocar sobre a cabeça dos fiéis, o ministro profere a seguinte fórmula: “Convertei-vos e crê no Evangelho!”, como um convite a iniciar o tempo de penitência e conversão.
Neste período experimentamos viver a fraternidade através da campanha organizada pela CNBB, a cada ano uma temática nos leva a uma vivência concreta com a Palavra rezada na Liturgia Dominical e em nossas Escolas de Fé, os nossos círculos bíblicos. Reforça-se que este ano a Campanha da Fraternidade traz como Lema: Falar com sabedoria e ensinar com amor. Com isso, Jesus, o Mestre educador, é o grande referencial a ser imitado e seguido, pois em todas as situações, a sabedoria e o amor jorram de suas palavras e ações, de modo a transformar a vida de quem o segue. Desse modo, a Sabedoria promove estratégias, cessa o medo, incentiva a criatividade, e o amor, essência da vida do cristão, acolhe, ensina, forma e semeia unidade.
A Igreja, por meio do Evangelho proclamado na Quarta-feira de Cinzas, apresenta-nos três caminhos: a oração, a penitência e o jejum, que podem se tornar práticas quaresmais. A saber, a oração é essencial para o encontro com Deus, ao crescermos na vida de oração, crescemos na intimidade com Nosso Senhor, a penitência tem por essência praticas interiores, e não se confunde com práticas exteriores como o jejum e a esmola e a penitência é um querer não ter pecado. Por fim, o jejum é favorável neste tempo, pois nos leva a entrar ainda mais no mistério quaresmal. Embora sejam atos exteriores, direcionam os nossos pensamentos à oração, a uma melhor escuta de Deus, e proporciona um equilíbrio do corpo e da mente, levando-nos a essa conversão interior.
Portanto, este é um momento propício para a nossa purificação e conversão, um tempo de “rasgar” os nossos corações para o Senhor, fazermos penitências e jejuns, intensificarmos nossas orações, praticarmos a caridade e buscarmos o Sacramento da Confissão, para que nos reconciliemos com Nosso Senhor. Deste modo, de corações purificados, entregues à oração e a prática do amor fraterno com aqueles que mais necessitam, estaremos preparados para recebermos os mistérios pascais, e assim, com alegria, esperar e viver com alegria a grande semana dos cristãos, que é a Semana Santa, celebrando a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Seminarista Wellington Cosme Dias Salviete
Terceiro ano de filosofia
Ano Missionário 2022
Paróquia Imaculada Conceição – Piúma